Jornalistas Adulai Indjai na Guiné-Bissau e Raul Danda em Angola são dois dos mais recentes exemplo Recebi via e-mail um “grito de revolta e alerta” por causa de um jornalista bissau-guineense que terá sido ameaçado de intimidação física, incluindo ameaças de morte, devido a uma reportagem por ele feita no aniversário da independência da Guiné-Bissau.
O jornalista, Adulai Indjai, técnico social da ONG portuguesa INDE, produtor e apresentador do programa radiofónico Voz da Juventude para os objectivos do Milénio, financiado pela VNU, Rádio Jovem, e jornalista no Gazeta de Notícias, decidiu fazer um programa diferente sobre os 33 anos da Guiné-Bissau e em vez de laurear o poder preferiu ir á rua e auscultar a opinião pública e ouvir o que o país real lhe tinha para dizer. Que crime lesa-pátria.
Esta atitude era um claro desafio às autoridades do país porque, segundo parece, a vox populi deixava entender que os grandes culpados dos atrasos do país seriam a classe política e castrense. Também não esqueçamos que na última comunicação ao país, por quando do aniversário da independência, o presidente “Nino” Vieira acusou a Comunicação Social de estar por detrás de muitos dos problemas por que passa o país.
Por isso, não surpreende que alguém, anonimamente, através dos telemóvel e e-mails pessoais, possa ameaçar um jornalista física, moral e mortalmente. E ainda nos perguntamos como isto é possível na terra de Amílcar Cabral... Mas se o é na terra de Cabral, também o é em outros países de expressão lusófona. ... E em Angola Em Angola, um jornalista, actor e activista dos Direitos Humanos, Raul Danda, foi detido em Cabinda, ao regressar de Luanda, na sequência de uma revista pública dos seus pertences em pleno aeroporto e, segundo parece, sem que as autoridades estivessem na posse de um mandato judicial.
O crime de Danda é ser um activista próximo da ilegalizada associação cabindense Mpalabanda. O crime de Danda é ter uma voz e um pensamento diferentes do que pensam certos esconsos corredores de Luanda. O crime de Danda é ser um jornalista e um activista que tem «...uma pena e uma voz pela democracia» fortes e independentes não se acomodando perante tudo aquilo que querem fazer crer ao povo angolano os tais esconsos corredores.
Daí que só uma semana depois da sua detenção no aeroporto de Cabinda e perante a denúncia de sectores tão díspares como a igreja ou a sociedade civil e política angolana o Procurador provincial de Cabinda (será que o Procurador-geral da república o sabe?) tenha decidido legalizar essa detenção ao abrigo de segurança de Estado.
Mas qual segurança? A do Estado, ou de alguns que se auto-instituíram no enclave e nos tais esconsos corredores de Luanda? Porque... como é possível que um detido, mesmo sobre acusação de ataques a segurança nacional, não possa ser assistido pelo seu advogado? Como diz um comunicado da Unita sobre este assunto, um país só pode «...guindar-se a um nível de respeitabilidade na comunidade internacional se souber dignificar as suas instituições e os seus cidadãos».
E quem diz de Angola, diz da Guiné-Bissau, do Sudão, da Guiné-Equatorial e de todos os países que continuam a manter a autocracia como estandarte governativo. É altura desses poderes mostrarem que não estão no poder pelo poder mas que põem as causas nacionais acima dos seus interesses pessoais e particulares. E quero acreditar que os presidentes de Angola e Guiné-Bissau desejam alinhar por essa diapasão e que alguns actos são feitos à sua revelia...
O artigo e da autoria de Eugenio Costa Almeida, "fanei-o" daqui