Velhas novidades de uma UNITA à deriva
A UNITA, que tira cocos do mesmo coqueiro que o partido no poder e anda à deriva (é bom que se diga!) desde a morte de Jonas Savimbi, acusa o MPLA e agentes da Polícia Nacional de ameaçar de morte e queimar residências e haveres de militantes seus na província do Kwanza-Sul, mormente em Cassongue e Cela.
A denúncia feita pelo Galo Negro, não é nova. Não constitui novidade. Não é a primeira vez que esta organização dá conta de actos intolerância que têm tido lugar no interior do País. Ora não sendo a primeira vez, pergunto: o que é que a UNITA fez, tem feito para que os seus militantes deixem de ser perseguidos, surrados, sovados, humilhados e escalavrados? Nada. Ou seja, se a UNITA está a fazer alguma coisa (ainda) não é do conhecimento público.
A direcção da UNITA deve procurar criar condições objectivas e subjectivas para que, em qualquer ponto do País, os seus militantes possam apresentar as suas ideias sem o risco de serem perseguidos, surrados, sovados, humilhados e escalavrados, quando não mortos, só por (não) acreditarem numa causa que não seja do partido da situação.
Não tenho dúvidas, porque não me restam dúvidas, que actos de intolerância e de perseguição política e pessoal aos militantes da UNITA e da Sociedade Civil por parte de alguns (mas quase todos) agentes da Policia Nacional hão-de continuar. Tenho pena é que, apesar do tempo, a direcção da UNITA continue a ver boi e não saiba fazer frente ao Menos Pão Luz e Água (MPLA) que vai segura e garantidamente ganhar as próximas eleições.
E, quanto a mim, vai ganhá-las não por ser melhor que a UNITA (ou não fossem farinha do mesmo saco e bananas do mesmo cacho), mas por várias razões.
Uma delas prende-se com o facto de o MPLA ter o acesso facilitado (e disso abusa) ao erário público a qualquer momento, mesmo em dias de feriado. A outra é o facto de ter uma influência total e absoluta nos órgãos de Comunicação Social (não) públicos.
A UNITA (ainda) não tem acesso aos dinheiros públicos, é verdade. Mas ninguém garante que se um dia tiver a mesma possibilidade não faça igual ou pior. Por outro lado, a UNITA tem a desvantagem de hostilizar/marginalizar jornalistas e determinados os órgãos de Comunicação Social (não) públicos.
Será isso bom para ela? Ou será que a UNITA ainda não aprendeu a fazer política sem armas?
Etiquetas: Actos de intolerância política, Angola, Unita
1 Comentários:
Às 8:00 da tarde , Anónimo disse...
O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES
Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 09 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.
Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.
Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz, Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos.
Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.
A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldina ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).
Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters.
Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.
Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.
Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.
Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.
Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.
Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.
Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.
Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).
Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .
Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.
Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.
A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.
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