O Arauto

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quarta-feira, agosto 16, 2006

O criminoso silêncio do Governo de Luanda

Passada mais de uma semana, o ministro do Interior (um homem de fino corte no pensamento, na forma de ser e de estar) ainda está por dizer aos angolanos que medidas o seu pelouro vai tomar em relação ao ordinário salteador e filho de pai incógnito que, à pala da farda da Polícia Nacional e da arma de fogo que transporta, pontapeou, segunda-feira, 8, uma mulher grávida de oito meses como se de uma cadela tinhosa e sem dono se tratasse.

Roberto Leal Monteiro (Ngongo) deve, por respeito aos cidadãos, contribuintes, eleitores e (não) consumidores, fazer a delgadeza de explicar pública e oficialmente que o Governo angolano, nomeadamente na pessoa do Ministério do interior, vai levar o putativo agente da Polícia Nacional às barras do Tribunal.

Doutro modo, os angolanos tomarão a liberdade de (sub) entender que Angola não quer, nunca quis ser um Estado de Direito democrático (até por que isso não enche barriga!), que, digo eu, um dia irá obrigar os cidadãos a enfrentarem, de armas na mão e nas ruas de Luanda, os agentes da Polícia Nacional.

É claro que não foi a barriga de ninguém ligada à OMA que foi pontapeada, mas sim de uma camponesa sem campo, sem quintal e que não merece o abraço cordial dos nossos governantes. Por isso, o caso vai sendo resolvido como se pode e conforme os humores de quem manda.

E quem manda, no caso o ministro do Interior, quer fazer crer aos angolanos que a culpa deste caso não irá morrer solteira, mas sim com o marido em casa da amante, digo eu!

terça-feira, agosto 08, 2006

Policia espanca em Luanda mulher gravida de 8 meses

O Governo angolano ignora (?) que a violência é um dos mais graves problemas sociais existentes no mundo e uma das formas mais cruéis de atentado contra os Direitos Humanos. Será porque tem a impunidade como regra de ouro e de “camaradagem”? Aliás, a impunidade tem sido (sempre foi) cúmplice da violência que se vai tornando rotineira e crónica nas ruas de Luanda e um pouco por todo o País. O que se segue é nada mais nada menos que um doloroso relato que não lembra o abuso puro e duro de quem devia proteger os cidadãos.

Um salteador ordinário e filho de pai incógnito (a quem os angolanos são - por dever de cidadania e de respeito pelas instituições do Estado - obrigados a fazer a fineza de chamar agente da Polícia Nacional) pontapeou sem dó nem piedade e muito menos contemplações uma mulher grávida de oito meses.

A agressão teve lugar segunda-feira numa das empoeiradas e esburacadas ruas do bairro Rangel, em Luanda, e Susana Domingos, de 27 anos, vendedora ambulante de profissão, foi vítima da investida de alguém que enverga a farda da Polícia Nacional e que era suposto garantir segurança e tranquilidade aos angolanos.

O ataque contra Susana Domingos resumiu a um pontapé na vulva, o que causou, segundo a Luanda Antena Comercial (LAC), inflamação imediata e fortes hemorragias, apesar de a chefe da sala de partos da única maternidade do Rangel, Feliciana Buta, ter afirmado em declarações à LAC que “a paciente pareceu lúcida, mas a sangrar e com uma inflamação enorme na vulva, bem como uma lesão no colo uterino”.

Pois é! Quem é que não ficaria “lúcida” depois de um pontapé que provoca uma inflamação enorme na vulva e no colo uterino?

A agressão contra Susana Domingos é a prova provada de que as mulheres angolanas convivem diariamente com todas as formas de violência, nomeadamente a sexual, moral, psicológica e sobretudo física, como se pode ver no caso vertente.

Quanto ao putativo agente da Polícia Nacional, é por demais consabido que jamais será, segura e garantidamente, responsabilizado por quem de direito pelo acto que cometeu em nome da impunidade que tem sido cúmplice da violência.

Susana Domingos jamais verá o bandoleiro ao serviço da Polícia Nacional (e como ele deverá haver muitos) a ser responsabilizado. Porquê? Por não ter, se calhar, grau de parentesco nenhum com políticos que (des)mandam em Angola, cujas filhas não precisam de calcorrear as ruas de Luanda para vender alguma coisa (nem que o que de mais sagrado têm, o corpo) para obter o seu sustento e por não ser membro da Organização da Mulher Angolana (OMA).

Fonte
Noticias Lusofonas.com