O Arauto

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quinta-feira, junho 15, 2006

Uma morte que pôs a nu actual Poder

O termo da existência de Jonas Savimbi, permitam-me ser politicamente incorrecto, (porque a História assim exige e as mais recentes evidências quotidianas dos factos assim aconselham), foi um mal que veio para bem.
Um mal (claro que não se deseja a morte de ninguém nem a ninguém!) que veio para bem na medida em que deixou a nu uma manifesta e inapta capacidade para lidar com valores como a democracia, tolerância política, liberdade e cidadania.
O desaparecimento do líder e fundador da UNITA foi um mal que veio para bem porque mostrou que quem governa está impreparado para dirigir uma Angola sem guerra.
A morte do velho guerrilheiro foi um mal que veio para bem porque deixou o Menos Pão Luz e Água numa posição bastante incomoda em que dá a entender claramente que o Governo está de tanga (e para um Governo de tanga, uma tanga de Governo!).
A aniquilação de Jonas Savimbi, o homem que durante muitos anos deu a volta politicamente ao mundo inteiro, mostrou que o Menos Pão Luz e Água não tem nem nunca teve uma agenda social para o período do pós-guerra.
Passados quase cinco anos desde que a máquina de guerra da UNITA foi capitulada e o seu líder morto, ainda não é possível dizer alto e bom som “olhe isto aqui está muito bom; isto aqui está bom demais”.
As matreirices políticas de Jonas Savimbi e os actos de sabotagem (de todo o género) por parte das forças militares da UNITA deixaram de ser um pretexto para que não se dê, pelo menos isso, água, pão, habitação, educação e saúde aos cidadãos eleitores e contribuintes angolanos. Até quando?

Crónica publicada inicialmente no Notícias Lusófonas

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