De Cabo Verde chega (mais) um mau exemplo
O exemplo mais acabado de intolerância política entre os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), contrariamente ao que se pensa e longe do que se poderia imaginar, vem (adivinhem e, se quiserem, pasmem depois!) de Cabo-Verde, a nação mais crioula do mundo.
A diplomacia cultural (o som nostálgico das mornas que os cantores arrancam ao dedilhar a guitarra em noite de paródia e lua cheia) mostra, de forma capciosa, astuta e sobranceira, à União Europeia (UE), à África e ao resto do mundo a face mais conhecida e sem fealdade que se conhece de Cabo Verde, mas esconde (parece mentira, mas é verdade) o rosto da intolerância política que se vive neste país situado no Atlântico Médio.
É claro que, para alguns, revelar isso é como ser forçado a abrir a goela para engolir o trago forte e amargo daquilo que efectivamente acontece diariamente debaixo do Sol político cabo-verdiano.
Quem por exemplo tem o desplante ou a ingenuidade de exibir o seu cartão de militante do MpD (ou outro que não o PAICV) numa repartição pública corre o risco de ficar sem emprego ou ainda ser despromovido.
O grau de intolerância do PAICV em relação às outras cores políticas é tão grande e ao mesmo tempo sem tamanho que correu com quase todos os funcionários (jardineiros, copeiros, motoristas, incluindo lavadeiras) que ao tempo do MpD serviram o Palácio da Várzea.
Quando, na cidade da Praia, se recorre ao hospital Agostinho Neto e se sabe que o paciente não é do PAICV obrigam-no (a ele e aos seus acompanhantes, é claro!) a conjugar o verbo esperar no presente do indicativo, independentemente do estado clínico.
Quem neste momento goza de todos (e mais alguns) privilégios nas 10 ilhas que compõem Cabo-Verde são aqueles que, por razões de sobrevivência e, diga-se, oportunismo político, social e económico, militam no partido fundado por Amílcar Cabral.
O grau de intolerância, uma realidade bem camuflada para a União Europeia para África e para o mundo, é tão grande e medonha que aos “tambarinos” (PAICV) e aos “ventoinhas” (MpD) só falta andarem à galheta nas ruas, becos, rotundas e vielas das cidades das ilhas de Cabo-Verde.
É uma pena que não se olhe para Cabo-Verde para lá das mornas…!
Crónica inicialmente publicada no Notícias Lusófonas
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