Compreender as feridas não significa esquecer os factos
Sei, e não serei certamente o único a saber, que as feridas ainda sangram e que as cicatrizes no meu País ainda doem, devido a tudo (e mais alguma coisa) que precedeu o dia 22 de Fevereiro de 2002 e que terminou nesta mesma data. Mas isso não pode jamais servir de pretexto para não nos lembrarmos do siginficado de que se revestem certas datas como a que se assinala hoje, 22 de Janeiro.
Foi a 22 de Janeiro de 1993 que alguém, que se julga maioral entre os angolanos, decidiu por sua conta e risco dar ordens para que os angolanos que se julgam de primeira saíssem à rua para tirar a vida aos angolanos de segunda. Ou seja, matar todos aqueles que fossem de origem Bakongo, que não soubessem falar português.
Por isso, para mim, esquecer o 22 de Janeiro de 1993 é o mesmo que admitir que não tenho memória.
E porque felizmente a tenho, e porque entendo que a memória é uma faculdade que cria laços entre o Passado e o Presente, entre todos os angolanos que, afinal, são troncos da mesma arvore (Angola), recuso-me terminantemente a esquecer esta data de triste memória.
Porque não subscrevo a teoria segundo a qual o Sol, em Angola, nasce apenas para alguns, e não para todos, sou forçado a dizer que o 22 de Janeiro de 1993 é uma realidade que não pode ser apagada da nossa História.
Porque é preciso abrir caminhos para que num futuro recente não mais tenhamos no poder angolanos com mentalidades obsoletas, sou forçado a dizer que a História sobre o 22 de Janeiro não pode ser silenciada.
Porque tenho medo do esquecimento, devo que dizer que o único Bakongo destemido que falava abertamente disso, Mfulumpinga Landu Victor, foi banido do nosso seio.
Foi, apesar de ter sido deputado à Assembleia da República, morto como se de um cão se tratasse.
Porque percebi que a data de hoje iria passar despecebida a todos os angolanos, sugiro, por esta via, que a nação Bakongo se reúna e reflicta sobre a data em apreço.
Pessoalmente recuso-me a esquecê-la.
2 Comentários:
Às 8:04 da tarde , Anónimo disse...
Não era mau, antes pelo contrário, referir que este e outros (nem todos estão assinalados) artigos estão publicados no NL.
Às 8:42 da tarde , Anónimo disse...
Bravo Eurico!
Jose Cesar
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