O Arauto

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sexta-feira, janeiro 19, 2007

Porque o Jornalismo incomoda tanto?

Apesar de ser a primeira vez, que me recorde, que escrevo sobre este assunto nestas páginas, já o tenho feito no meu blogue (pululu.blogspot.com). Há quem jure, talvez por razões bíblicas, desconheço, que a mais antiga profissão é a prostituição; no entanto, já há quem questione qual a segunda mais antiga. Uns dizem que é o arquitecto que do caos fez o Mundo, outros que são os políticos, já que foram eles que levaram o mundo ao caos. Embora não o queira crer, os problemas por que passa, actualmente, o nosso Mundo parecem dar razão a estes últimos. Seria muito simples acusá-los assim sem mais, mas parece-me que é demasiado linear. Eles existem porque somos nós que os lá colocamos.
Por Eugénio Costa Almeida

Realmente, se houve caos que permitiu aos arquitectos recuperar e tornar este Mundo num belo paraíso que parece querermos destruir, foi porque houve alguém que o pôs num caos; se foram os políticos ou outros, desconheço. Agora que não desconheço é que os políticos não poderiam comunicar entre si se não houvesse quem o permitisse. E aqui vem o âmago da questão: os líricos comunicadores, ditos jornalistas.

Pensemos bem!

Seria possível o caos se os malditos jornalistas não comunicassem e publicassem as notícias?
É lógico que não!

Seria possível um político ser eleito se não houvesse um abelhudo que transmitisse a sua mensagem de boca-orelha e sucessivamente? Claro que não e, por esse facto, nunca seria eleito?
Seria possível haver guerras entre povos e países se os intrometidos comunicadores - leia-se, os tais jornalistas - não servissem de intermediários para os que desejam transmitir as deturpadas notícias no seio dos incautos e bem-aventurados ouvintes?
É evidente que não. Ou seja, os jornalistas são os maiores culpados de tudo o que passa no nosso seio.

Quem foi que inventou a expressão "levar a carta a Garcia"? Dizem que foi um tal general americano que queria informar a situação militar a uma determinada personalidade que estava longe; é falso! Foi um jornalista de guerra - reparem, até na guerra há jornalistas - que precisando de ser conhecido e porque a guerra estava a acabar decidiu informar um tal Garcia que estavam a perder para obrigar este a mudar-se de armas e bagagem para o reduto daquele e continuar a afortunada guerra.
Mas duvidam que o mal está nos jornalistas?

Quem mostrou as imagens inacabadas do enforcamento de Saddam? Um repórter de imagem; logo, um jornalista.
Quem ameaçou contar a verdade - a sua verdade - sobre as chacinas (como se isso existisse) sobre os chechenos? Uma jornalista russa que, só por acaso, acabou assassinada!

Quem tem mostrado aquelas imagens de cinema, e depois dizem que são imagens de guerra - como se naquela região alguma vez tivesse havido guerras - no Corno de África? lógico, já adivinharam, foram os jornalistas que precisavam de mostrar notícias e como sabem que há quem acredite em tudo…
Quem tem a mania de dizer que tudo vai mal nos nossos países e que os nossos Governos só fazem asneiras, que só têm corruptos no seu seio, que não fazem nem deixam fazer nada? certo! os jornalistas contratados para assessores de escrita; estes sabem que aqueles não sabem escrever nem o seu nome quanto mais escrever programas governamentais.
Digam-me qual o honesto interlocutor que afirme que no Sudão existe chacinas, milícias que atacam pessoas só porque não praticam a mesma religião, ou que na Nigéria andam a roubar combustível porque no seu país não há gasolina? Alguém de bom-senso acredita nisto? Matarem pessoas por professarem religiões diferentes ou que no maior país exportador de petróleo da África subsariana não há combustível para o seu povo? É indiscutível que não. Só um corruptível jornalista teria a leviandade de dizer tal aleivosia.

Pois é!
Porque há jornalistas que não se calam, que muitos morrem em nome da SACRA VERDADE!

Porque há quem considere que a verdade vale mais que a sua vida, que a jornalista russa, a tal que denunciou as torturas na Chechénia, Anna Politkovskaia, e o jornalista moçambicano Carlos Cardoso foram calados. Só na Rússia, nos últimos 15 anos morreram - leia-se, foram assassinados -, 211 jornalistas!

Porque a Verdade é a sua divisa, um Jornalista angolano, por acaso com ascendência cabo-verdiana, viu a sua família ser ameaçada por energúmenos que se diziam afectos a um partido político; tudo para tentarem calá-lo.
Talvez também por causa da Verdade que, sem razões aparentes e claramente contraditórias e incompreensíveis, o grupo comunicacional moçambicano Soico, de que fazem parte o jornal e o online "O País" e a emissora televisiva STV, viu os seus computadores, câmara de vídeo, viaturas, etc., serem penhorados por uma pretensa dívida a uma antiga funcionária deste último órgão e irmã de uma governante moçambicana?
Também por mero acaso, um dos assessores do grupo Soico parece-me que é o jornalista angolano que andava a ser ameaçado por quem nada mais tem a fazer; haverá aqui uma extensão de um qualquer tentáculo intracontinental?

Justamente, e por acaso, esse jornalista angolano, tal como um outro que escreve com "J" e tal como este vosso escriba - que não se pode considerar jornalista, não só por não ter essa pretensão como porque lhe falta muito para chegar às tarimbas daqueles - viram os seus nomes vetados por um hipotético grupo luso-angolano que quer(ia) comprar o portal Notícias Lusófonas. E esses pretensos compradores e, ou alguém por eles mandado, têm tentado denegrir a sua imagem, pensam que podem insultar mas enganam-se; não insulta quem quer mas quem tem possibilidades disso e eles não o têm!

Na Venezuela o presidente Hugo Chavez, porque não gosta de críticas, decidiu que as televisões privadas do país vão ver a suas licenças não renovadas, ou mesmo eventualmente revogadas. A democracia no pior que ela usufrui; o poder da ditadura da maioria sobre a minoria.

No Iraque a vida de um jornalista pouco vale. No ano de 2006 faleceram cerca de 32 homens e mulheres que, mais que protegerem as suas vidas, quiseram mostrar a realidade político-militar do país.

Em todo o Mundo, e segundo o sindicato português dos Jornalistas, terão sido mortos cerca de uma centena de jornalistas!

Será que a mais velha profissão é mesmo a prostituição ou o Jornalismo?

Será que há profissão que, desde imemoriais tempos, mais incomode, ou incomode e, nitidamente, incomode?

Para os ditadores, autocratas, tecnocratas, déspotas e pseudo-democratas, incluindo directores e chefes bajuladores os jornalistas são a maior praga que apareceu ao cimo da Terra.

É que, como costuma a escrever o jornalista angolano-português, Orlando Castro, "não se é Jornalista sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia... mesmo estando desempregado".
Um jornalista não o deixa de ser só porque outros o querem que não o seja! Como escrevia o grande jornalista moçambicano Carlos Cardoso "é proibido pôr algemas às palavras". E há muitos que continuam a persistir nessa vã tentativa.

Podem calar-nos, podem prender-nos, mas haverá sempre, e felizmente, quem transmita a notícia. Seja boa ou má; seja exacta ou falsa; a notícia não se cala nem se prende!

A todos um Bom Ano e que as notícias sejam, primordialmente, sempre as melhores, não para os que querem manter a ignorância mas para o povo que quer continuar a aprender!
Artigo publicado incialmente in http://elcalmeida.home.sapo.pt

1 Comentários:

  • Às 11:49 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

    Caro jorge Eurico o meu obrigado pela transcrição deste artigo que, emora esteja colocado na minha página pessoal (como cita, infelizment nem todos o fazem) el foi publicado, inicialmente no semanário santomense Correio da Semana (6-jan) e, mais recentemente, um semelhante, no semanário regional português "emFrente Oeste".
    Kandandu
    Eugénio ALmeida

     

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