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quinta-feira, março 08, 2007

Jovens refugiam-se em igrejas para fugir a casamento forçado

A impossibilidade de escolher um marido e os casamentos forçados continuam a fazer parte da realidade de muitas jovens da Guiné-Bissau que, para fugir a este destino, procuram refúgio nas igrejas. Mesmo hoje, Dia Internacional da Mulher, que é feriado na Guiné-Bissau, há de certeza uma jovem guineense a casar, contrariada, com um homem muito mais velho, escolhido pelo pai ou pelo tio materno, na ausência do primeiro.
A Agência Lusa falou com algumas jovens que tiveram a coragem e a audácia de fugir ao destino que lhes tinham traçado e que actualmente vivem nas instalações da Igreja Evangélica da Guiné- Bissau, que, por seu lado, tem vindo a denunciar esta prática que viola os direitos da mulher.
As jovens, com idades compreendidas entre os 16 e os 21 anos, são oriundas das mais diversas zonas do país e justificaram a fuga de casa e da família por não quererem casar com maridos escolhidos por familiares, mas também porque querem continuar a estudar.
"Queriam que eu me casasse com um homem que tinha idade para ser meu pai e não era crente. Recusei e fugi para a missão" evangélica de Bolama, disse Filomena Qsin. Actualmente com 18 anos, Filomena tinha 15 quando fugiu de casa, na aldeia de Bessassema, no sul do país. Agora estuda e tem uma vida normal para uma rapariga da sua idade, afirmou, acrescentando que quer ser médica quando for adulta.
Desde que ficou sob protecção dos pastores da igreja Evangélica em Bolama e depois foi enviada para Bissau, Filomena já recebeu visitas da mãe e dos irmãos. O pai é que ainda não apareceu, mas Filomena não se importa e remata que "um dia há de compreender o mal que fez".
Com um ar de criança, Bebé Bitan, veio de Binar, localidade próxima a Bissorá no centro/norte da Guiné-Bissau. Foi das últimas a chegar … missão, onde reside há cerca de um ano. A história de Bebé, com 16 anos, é semelhante a de Filomena. Um tio paterno quis casá-la com uma pessoa que ela nem sequer conhecia. "Não aceitei. Bateram-me imenso, por isso fugi. Vim directo para Bissau", explicou, deixando nas "mãos de Deus o futuro".Talvez venha a ser missionária, frisou Bebé.
Sábado Sanhá, da região de Quinará, sul da Guiné-Bissau, disse que fugiu quando descobriu que um tio já andava a apalavrar o seu casamento com um homem da aldeia. "Fugi porque essa pessoa além de ser descrente, é velha e eu queria continuar a ir … escola, coisa que não podia fazer se aceitasse o casamento. Também não gostava nada dele", referiu.
O casamento forçado é uma prática ancestral enraizada entre as etnias animistas da Guiné-Bissau, sobretudo entre os balantas (principal grupo étnico do país) e os papéis, a que pertence, por exemplo, o Presidente João Bernardo "Nino" Vieira.
Nascida e criada em Bissau, Ntchanga contou … Lusa que um dia foi chamada … aldeia em Prabis pelo pai que lhe anunciou que tinha encontrado "um homem" para ela. "Como eu sabia que o casamento da nossa etnia é uma canseira, em poucos anos a mulher envelhece devido aos trabalhos forçados, não queria nada disso para mim e além disso pretendia continuar a estudar. Recusei a proposta do meu pai e fugi", para a missão, disse.
A missionária inglesa Hazel, uma espécie de tutora destas jovens, explicou … Lusa que concorda que tenham fugido, uma vez que eram obrigadas a casar com "pessoas que não professam a mesma religião". O pastor Joaquim Correia, presidente do Conselho Nacional das Igrejas Evangélicas da Guiné-Bissau, afirmou, por seu lado, que o casamento forçado é um fenómeno que se verifica em todas as regiões do país e é urgente denunciá-lo para levar as autoridades e a sociedade a tomarem a consciência de que "é uma prática retrógrada".
O pastor disse ainda que decidiu intervir porque a Bíblia considera que o casamento só se celebra pelo amor e também porque se está perante uma "flagrante violação dos direitos humanos".

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4 Comentários:

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