Quando o principal derrotado é o povo
O presidente da República e do MPLA, que, de acordo com a emissão do noticiário de 24 de Outubro de 2006 da agência Lusa, esteve muito recentemente na Rússia para "reforçar" os laços de corrupção entre os dois Estados, afirmou hoje, sexta-feira, 1 de Dezembro, que "muitas das calúnias que ainda hoje se propalam contra o nosso país têm a sua origem na frustração dos derrotados e de todos aqueles que viram contrariados os seus intuitos (...)".
Como cidadão, contribuinte, eleitor (e não consumidor dos recursos do País), não poderia estar mais de acordo. Só que, convenhamos, Eduardo dos Santos, que falava em Luanda por ocasião das comemorações do quinquagésimo aniversário do partido no poder, está mal informado.
Eduardo dos Santos está desinformado por que desconhece que os derrotados a que se refere são nada mais nada menos que um dos prinicipais elementos do Estado, o povo, este povo (mui) heroíco e generoso (sic!).
Porque (entendo eu) é o povo ( e também a população) que depois do dia 11 de Novembro de 1975 começou a ver contrariado Direitos básicos como o pão, luz, água, saúde e ensino. E essa situação perdura até aos dias de hoje e há quem diga que cada vez pior!
Por isso, é compreensível, natural mesmo, que o povo, que vive para lá do asfalto (onde falta água canalizada e energia corrente), murmure calúnias não contra o País mas contra os seus dirigentes.
E não me venham cá dizer que falar (abstenho-me de adjectivar) dos nossos dirigentes é, como se tornou moda no País, crime contra a Segurança do Estado. É, pelo contrário, um Direito que assiste aos cidadãos (ou a soberania em Angola já não emana do povo?).
Eduardo dos Santos, um dos presidentes mais antigos do mundo e o terceiro do continente negro, deveria ter reconhecido (e seria de bom tom que o fizesse!) que o povo está farto de ter sempre Menos Pão Luz e Água, o que vilipendia, ultraja os seus Direitos...mais elementares.
PS - Depois da língua ter-lhe fugido para a verdade, a Lusa corrigiu, seguidamente, a notícia dizendo que José Eduardo dos Santos visitaria a Rússia para reforçar os laços de cooperação e não corrupção.
1 Comentários:
Às 7:17 da tarde , Orlando Castro disse...
É isso aí. A língua fugiu para a verdade. Apesar da correcção, fica para a História o facto de a Lusa ter escrito o que muita gente pensava, pensa e continuará a pensar até que as coisas mudem.
Kandandu
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