O Arauto

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quarta-feira, janeiro 31, 2007

Tito Paris põe todos os dedos na ferida

Tito Paris, um dos rostos mais visíveis da música cabo verdiana em Portugal, encheu-se de coragem e veio a público mostrar que, apesar de tudo, ainda há força no corpo e na alma de alguns, mas poucos, cabo verdianos. Em jeito de desabafo há muito contido no peito, Paris denunciou em entrevista ao semanário "Expresso das Ilhas" que há cerca de seis / sete anos que " ando atrás de um patrocínio para trazer uma orquestra para Cabo Verde e ninguém liga, quando... dão milhares de contos para determinados projectos, apenas por razões políticas”.
Sem medo nem receio de dizer aquilo que pensa ( não se esperava o contrário), o músico revelou que "o Estado de Cabo Verde nunca investiu nada em mim. No meu caso, tenho que agradecer Portugal, de coração. Agradecer aos seus governantes e ao seu povo. E isto deixa-me triste, por outro lado, porque não tive esse reconhecimento e carinho da parte das autoridades do meu País, e isso por um motivo bobo, porque partidarizam e politizam a cultura... E muitas vezes, somos penalizados, isto porque existem aqueles que declaram que são a favor do partido que está no Governo e são beneficiados. E entregam-lhes dez ou vinte mil contos para irem fazer o que quiserem».
Pois é. A ser verdade que o Estado cabo verdiano nunca investiu nada em Tito Paris, é sinal de que ele é de uma outra família política que não a que se encontra no poder (o PAICV).
Infelizmente (para mal dos nossos pecados e para prazer da maldade deles, os do poder), passa-se isso não só em Cabo Verde, mas também em Angola, em Moçambique, na Guiné-Bissau e, pasmem se quiser, em Portugal.
As declarações de Tito Paris, para quem acompanha de forma séria e honesta a política cabo verdiana, não constituem novidade nenhuma; são, aliás, nada mais nada menos que uma reafirmação daquilo que temos dito aqui bastas vezes: Cabo Verde (ainda) não é um país de desenvolvimento médio por não ser um Estado de Direito democrático. Mas há quem insiste teimosa e erradamente em classificá-lo como país de desenvolvimento médio.
Pois tal teimosia e tal erro desviam as atenções da Comunidade Internacional dos verdadeiros problemas politicos por que passa em Cabo Verde e perpectua o sofrimento dos cabo verdianos.
Diz Tito Paris que a cultura cabo verdiana tem sido partidarizada, politizada. Mas, no que a nós diz respeito, isso já é, e há muito, por demais consabido. E não sabemos apenas isso. Sabemos, por exemplo, que já morreram pessoas à porta do banco de urgência do hospital Agostinho Neto na cidade da Praia. Porquê? Porque eram membros do MpD e, ao arrepio da Ética e Deontológia, os médicos, que por sinal eram do PAICV, recusaram-se pura e simplesmente a atendê-las.
Sabemos também que se alguém for pedir um emprego e identificar-se como não membro do PAICV é o suficiente para não ter acesso ao emprego.
Quem não tem conhecimento disso são todos aqueles, cabo verdianos ou não, que pensam que Cabo Verde resume-se às nostálgicas mornas que soam bem no ouvido. E o PAICV, como não poderia deixar de ser, tira proveito disso para embarricar os cabo verdainos na diáspora e o mundo.
É preciso, pois, que haja mais cabo verdianos a denunciarem (cá fora ou lá dentro) o que, como o fez Tito Paris, se passa lá dentro!
Publicada inicialmente aqui

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