O Arauto

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sábado, dezembro 02, 2006

É hora de a Imprensa portuguesa começar a escrever de forma mais séria

O interesse público, o factor humano, a actualidade, a proximidade geográfica, a relação política e cultural entre povos e Estados são condições que, em qualquer órgão de Comunicação Social do mundo que se preze, concorrem para que um facto seja digno de ser noticiado onde haja jornais e jornalistas que respeitem e, acima de tudo, acatem e apliquem com rigor os seis elementos para que uma notícia seja digna de merecer esse título, notícia.
Um facto que por omissão ou deliberada ignorância de um redactor não responda aos seis elementos, designadamente o “quem”, “quê”, “quando”, “onde”, “como” e “porquê” pode ser tudo (e mais alguma coisa), mas não nunca uma notícia. Pelo menos assim foi que aprendi de Manuel da Silva, o actual subdirector de informação da Televisão Pública de Angola (TPA), nas aulas da cadeira de “Teoria Jornalística”, ministradas há cerca de 17 anos no curso Médio de Jornalismo no Instituto Médio de Economia de Luanda, IMEL.
Aprendi estas técnicas e continuo a aprender cada vez mais porque, a cada 24 horas que transcorrem, confesso, concluo que pouco ou nada sei sobre esta nobre profissão e ao mesmo tempo sacerdócio, a de Jornalista, que abracei há cerca de 15 anos.
Por isso não me coíbo de aprender (até porque no exercício da modéstia e fazendo jus à educação que me deu a dona Maria Helena, a minha mãe) com o colaborador de luxo que o Notícias Lusófonas, e a direcção pode-se gabar disso, tem no exímio Jornalista angolano Orlando Castro, que qualquer jornal editado em Língua Portuguesa em qualquer parte do mundo gostaria de o ter entre o seu corpo redactorial.
Afora este a parte, apraz-me dizer que tenho constatado que tenho constatado em alguns, mas quase todos os órgãos de Comunicação Social portugueses, um desrespeito total aos factores que concorrem para uma notícia.
A provar isso está a ausência de um noticiário constante, actual, preciso, rigoroso e sério sobre Angola e outros países africanos falantes da língua portuguesa nas páginas dos matutinos portugueses.
O facto de quando logo pela manhã nos propomos a tomar primeira xícara de café do dia e abrimos o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias, o Correio da Manhã, o 24 Horas e tantos outros e não encontramos notícias referentes a Angola, lembra o abandono e a distância maldoso e propositado de um pai em relação aos filhos.
É hora de a Comunicação Social lusa começar a escrever de forma mais séria e competente sobre o País com quem Portugal mantém uma relação de amor e ódio… especial. Se assim não acontecer, continuaremos a ter manchete nos grandes jornais portugueses que (pasmem se quiserem!) afinal o Caminho-de-ferro de Benguela fica lá para as bandas da Lunda-Norte ou ainda que em Moçambique a segunda causa de mortalidade é a queda de cocos de coqueiros sobre as cabeças dos moçambicanos.
Quer-se continuar nesta toada? Pessoalmente não acredito!
Crónica publicada inicialmente aqui

1 Comentários:

  • Às 5:10 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

    Mas meu caro Jorge Eurico, é bom que os jornais não falem de Angola, Cabo Verde, Guin-eBissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. É sinal que nada de mau acontece nestes nossos países. Então não é assim que a Comunicação social portuguesa vive, dos desastres e do que de mau acontece? Ora se está tudo bem, não há notícias...
    Ou será que ainda estou ingenuisado de uma noite meelhor dormida depois de uma semana de uma forte constipação? Talvez.
    Mas se assim for, quero continuar a sonhar porque quer dizer que tudo corre pelo melhor no meu país, um daqueles que não é nunca, ou quase nunca, falado.
    Só assim se explica que o JN coloque um rectangulozinho pequeno a informar da possibilidade de eleições em Angola em 2008.
    Kandandu
    EA

     

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