Guiné-Bissau vive dias de medo... e a CPLP não tuge nem muge como é seu hábito
O general e comandante João Bernardo «Nino» Vieira regressou ao poder e (coincidente estranhamente) com ele o abuso puro, duro, o medo e a insegurança também voltaram à Guiné-Bissau para aterrorizar intelectuais incómodos e jornalistas a quem de forma selectiva e clássica tem-se tirado a vida ou boicotado o trabalho.
Os guineenses, nos últimos tempos, têm assistido de forma atónita a todo o tipo perseguições, prisões arbitrárias de políticos, de juízes do Supremo Tribunal de Justiça. Este é o filme a preto e branco, mas também a cores e em director que tem tido lugar na Guiné-Bissau aonde os jornalistas já não dormem.
São dias de medo. E a CPLP não tuge nem muge... Os jornalistas na Guiné-Bissau, país com mais de um milhão de habitantes e o sexto mais pobre do mundo, não têm tido um sono descansado nem a possibilidade de desenvolver a sua actividade profissional como era suposto, possível e desejável num território que dentro de dias vai albergar a VI cimeira dos países da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP).
Os jornalistas não desenvolvem a actividade jornalística como esperavam por que alguém na Guiné-Bissau (não importa se balanta ou mandinga, pepel, fula, manjaco, muçulmano, animista ou cristão) decidiu declarar guerra aberta contra as Liberdades de Imprensa e de Expressão.
Uma guerra, diga-se em abono da verdade, que no entender néscio e ignaro de quem decidiu voltar a (des) mandar na Guiné-Bissau, porque pensa que foi fadado apenas para ser comandante e não comandado, passa necessariamente por assassinatos de jornalistas por estes constituírem, segundo uma visão torpe e retrógrada de quem manda, uma ameaça contra o poder e dos seus detentores naquele pequeno país situado na costa Ocidental africana.
Os maus bocados por que estão a passar os jornalistas guineenses (sem esquecer certamente a perseguição de políticos, fazedores de opinião, intelectuais que não sejam do PAIGC ou próximo de quem pode decidir quem pode ou não continuar a viver) é sinónimo de que a paz, a justiça, a reconciliação nacional e o bem-estar estão longe de chegar à pátria de Amílcar Cabral.
A perseguição e mortes estranhas de jornalistas na Guiné-Bissau e o boicote do normal funcionamento dos órgãos de Comunicação Social naquele país lusófono revela uma situação de degradação, de instabilidade e de total insegurança para o "Quarto Poder" e outras instituições que em condições normais contribuiriam sobremaneira para o fortalecimento da paz, da democracia e da construção de um Estado do Direito.
O facto de os jornalistas não comungarem com o desrespeito à Constituição vigente na República, não pactuarem com a inobservância do principio da separação de poderes e serem alérgicos à corrupção, à mentira, ao nepotismo e clientelismo que campeia na Guiné-Bissau, e que está a corroer a sociedade local, é o suficiente para humilhar, destruir, rejeitar e não poucas vezes mandar matar quem elegeu a caneta como instrumento de trabalho.
PS - Este texto foi publicado inicialmente no Notícias Lusófonas e posteriormente retomado pela Agência Bissau Média e Publicações (www.agenciabissau.com), pelo que, o autor, reconhece como um gesto agradecível.
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