Cada vez “gosto” mais desta CPLP e, também cada vez mais, desse enorme baluarte da Comunidade de Países de Língua Portuguesa que dá pelo nome de… Líbia. Então não é que o lusófono Muamar Kadhafi disponibilizou 10 limusinas, com motorista, para apoiar os presidentes que vão participar na VI Cimeira de Chefes de Estado e de Governo CPLP, que decorre de 12 a 17 deste mês em Bissau? O futuro da Lusofonia está garantido.
Ao que parece, o Governo de Nino Vieira pediu ajuda a Tripoli porque o país está, em matéria de transportes como de tudo o resto, de tanga. A Líbia, velha amiga dos poucos guineenses que têm milhões, não se fez rogada e vai daí fez chegar a Bissau as viaturas que vão dar o ar de cimeira ao encontro.
A falta de meios de transporte "dignos" de chefes de Estado na Guiné-Bissau (sim, que para o povo qualquer coisa serve) ficou assim "ultrapassada". A CPLP já pode respirar de alívio. Os seus representantes estão bem servidos. Além disso nem vão ter necessidade de reparar que, ali ao lado, o povo morre de fome. Dias 12 e 13, o Palace Hotel, a nova unidade hoteleira de cinco estrelas de Bissau, receberá a XII Reunião Ordinária dos Pontos Focais de Cooperação dos "oito".
Inês Rosa, vogal do Conselho Directivo do instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), e Ana Correia, técnica superior da Direcção dos Serviços dos Assuntos Comunitários e Multilaterais do Ministério dos Negócios Estrangeiros, representarão Portugal no encontro. Após serem definidos e acertados, os diferentes textos e projectos subirão à 94ª Reunião Ordinária do Comité de Concertação Permanente da CPLP, a realizar no sábado seguinte, dia 15, também no Palace Hotel.
O Comité, por sua vez, remeterá os textos e documentos à XI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros, que os assinará na manhã de 17, dia da cimeira, para depois serem enviados para a VI Conferência de Chefes de Estado e de Governo, onde serão ratificados. Ainda no dia 17, a CPLP comemorará o seu 10º aniversário, havendo uma sessão solene no Parlamento guineense, com os trabalhos da cimeira a terminarem oficialmente com uma conferência de imprensa conjunta.
Digam lá que não parece mesmo uma coisa séria e de alto nível? Só parece, mas é quanto basta.
Dos sete presidentes dos Estados membros da CPLP convidados, apenas três confirmaram já à ida a Bissau - Pedro Pires (Cabo Verde), Armando Guebuza (Moçambique) e Fradique de Menezes (São Tomé e Príncipe), devendo, este último, ceder a presidência rotativa da organização ao anfitrião do evento, João Bernardo "Nino" Vieira. Os chefes de Estado português, Aníbal Cavaco Silva, angolano, José Eduardo dos Santos, e brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, ainda não confirmaram a vinda, mas deverão fazê-lo em breve. Estavam só à espera de saber se a Líbia mandava ou não as limusinas… Presente igualmente na cimeira estará o presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, cujo país deverá pedir aos "oito" a adesão à CPLP mas na qualidade de observador associado. Crê-se, digo eu, que os “oito” vão igualmente agradecer a Muamar Kadhafi de forma digna. Ou seja, convidando a Líbia a integrar a CPLP de modo a que Tripoli faça pela Lusofonia o que, de facto e de jure, os seus integrantes deviam fazer.
Crónica do Jornalista Orlando Castro publicada no Notícias Lusófonas
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